
Em 27 de junho se celebra o Dia do Técnico em Nutrição e Dietética, data cujo objetivo é reconhecer a importância do profissional, valorizar sua atuação e incentivar o desenvolvimento contínuo da área, visando a promoção da saúde e segurança alimentar da população.
Esta, aliás, está em risco e piorou durante a pandemia de Covid-19, em paralelo à perda do poder de compra dos salários e à inflação dos alimentos, grupo de produtos que tem registrado índices acima do IPCA geral.
Este impacto tem relação direta com a piora da condição financeira, já que, em geral, alimentos ultraprocessados tendem a ser mais baratos do que alimentos in natura ou minimamente processados, como frutas, legumes e verduras. Atualmente o valor médio de 1kg de peito de frango está R$26, enquanto o da salsicha R$14, por exemplo. O consumo de alimentos ultraprocessados aumentou, segundo estudo realizado por pesquisadores da Universidade de São Paulo (USP) e da Universidade Federal de Minas (UFMG).
Por definição do Observatório dos Técnicos em Saúde (OTS), estes trabalhadores desenvolvem atividades relacionadas à educação alimentar e nutricional de indivíduos e comunidades, com a finalidade da prevenção e controle de carências nutricionais, doenças crônicas não transmissíveis e doenças veiculadas por alimentos.
Realizam a coleta de dados de interesse ao Serviço de Nutrição e Dietética e de dados antropométricos para subsidiar a avaliação nutricional realizada pelo Nutricionista.
Fazem estudos das necessidades nutricionais de indivíduos e coletividades, em todas as fases do ciclo vital, monitoram dietas de rotina sobre prescrição dietética, acompanham e orientam a execução das atividades que compõe toda a escala de produção de refeições e as atividades de controle de qualidade higiênico-sanitárias, atendendo às normas de Segurança Alimentar e Nutricional.
Também auxiliam no planejamento e na execução dos procedimentos de rotina, bem como orientam e monitoram as atividades realizadas pela equipe de funcionários. Aplicam normas de segurança do trabalho na produção de refeições e no comércio de alimentos. Contribuem na elaboração de cardápios e na elaboração de relatórios técnicos de não conformidades, assim como trabalham também na pesquisa e no desenvolvimento de novos produtos alimentícios.
Atuam nas áreas de nutrição em alimentação coletiva, nutrição clínica, nutrição em saúde coletiva, nutrição na cadeia de produção, na indústria e comércio de alimentos, assim como, em postos de coleta e bancos de leite humano, lactários, Central de Terapia Nutricional e em Políticas e Programas Institucionais.
Além dos Técnicos em Nutrição e Dietética, outros profissionais técnicos podem contribuir nos cuidados alimentares. Nos hospitais e postos de atendimento, técnicos e auxiliares de Enfermagem acompanham pacientes com necessidades específicas, como os diabéticos, e monitoram sinais clínicos.
Alimentação e saúde
A má alimentação da população é prejudicial à saúde e para a economia. Um levantamento realizado pela Fiocruz Brasília e o Núcleo de Pesquisas Epidemiológicas em Nutrição e Saúde, da Universidade de São Paulo, apontou que o consumo de alimentos ultraprocessados custa R$ 10,4 bilhões por ano à saúde e à economia no Brasil. R$ 9,2 bilhões por ano são por mortes prematuras; R$ 933,5 milhões por ano são os custos com o tratamento no Sistema Único de Saúde (SUS), com diabetes, hipertensão e obesidade; R$ 263,2 milhões por ano são custos previdenciários e custos por absenteísmo.
Alimentos ultraprocessados incluem vários tipos de guloseimas, bebidas adoçadas com açúcar ou adoçantes artificiais, pós para refrescos, embutidos e outros produtos derivados de carne e gordura animal, produtos congelados prontos para aquecer, gelatinas artificiais, produtos desidratados (como misturas para bolo, sopas em pó, “macarrão” instantâneo e “tempero“ pronto), salgadinhos de pacote, cereais matinais, achocolatados, barras de cereal e bebidas energéticas, entre muitos outros.
O Ministério da Saúde afirma que alimentos prejudiciais à saúde, como os ultraprocessados estão associados às Doenças Crônicas Não-Transmissíveis (DCNTs), grupos de doenças permanentes, que geram incapacidades nos indivíduos, causadas por alterações patológicas em geral não reversíveis e requerem longo período de acompanhamento e reabilitação.
Entre as principais DCNT, encontram-se as doenças do coração, os cânceres, as doenças respiratórias crônicas, as doenças renais crônicas, além da hipertensão, do diabetes e da obesidade. Essas foram incluídas, pela Organização Mundial da Saúde (OMS), na lista das 10 principais causas de mortes no mundo.
De acordo com dados do Ministério da Saúde, as DCNTs consistem nas principais responsáveis pela mortalidade no mundo, e no Brasil o cenário é bastante similar, respondendo por mais de 70% das causas de mortes.
Texto: Nayara Oliveira*. Imagem: Antônio Cruz / Agência Brasil.
*Estagiária, sob supervisão de Paulo Schueler.