
Em 10 de outubro se comemora o Dia Nacional do Condutor de Ambulância, data que tem como objetivo homenagear, valorizar e dar visibilidade a esses profissionais essenciais, reconhecendo a importância de seu trabalho para a sociedade, além de incentivar a mobilização da categoria em defesa de seus direitos.
De acordo com a Classificação Brasileira de Ocupações (CBO), o Condutor de Ambulância conduz este veículo, para transporte de equipes de saúde, de pacientes e de material biológico humano; prepara a realização das atividades diárias, verificando as condições de funcionamento e o abastecimento do veículo.
Observa as indicações dos instrumentos do painel e examina as condições de funcionamento dos itens obrigatórios de segurança e dos equipamentos de comunicação; auxilia na reposição de materiais médico-hospitalares utilizados na ambulância; mantém o veículo limpo e higienizado.
Auxilia a equipe de saúde na conferência de equipamentos e materiais na ambulância, para realização de atendimento de urgência e emergência; define o itinerário até o local e estima tempo de chegada, conduzindo o veículo da forma mais rápida e segura possível, evitando manobras e frenagens bruscas.
A atuação no Sistema Único de Saúde (SUS)
No SUS estes profissionais atuam no Serviço de Atendimento Móvel de Urgência - SAMU 192, um dos componentes da Política Nacional de Atenção às Urgências do Ministério da Saúde que faz parte da Rede Assistencial Pré-Hospitalar Móvel de atendimento às urgências.
O atendimento pré-hospitalar móvel em situações de urgência é caracterizado pela busca precoce da vítima após a ocorrência de um incidente que afete sua saúde, seja de natureza clínica, cirúrgica, traumática ou psiquiátrica. Isto evita o agravamento da condição da vítima, minimizando o sofrimento, prevenindo sequelas ou mesmo evitando o óbito, por meio de atendimento e/ou transporte adequado.
O serviço é gratuito, acessado pelo número 192, funciona 24 horas por dia e 07 dias por semana, por meio da prestação de orientações e do envio de veículos tripulados por equipe capacitada, acionados por uma Central de Regulação das Urgências. Por isso o SAMU 192 tem papel fundamental na organização do atendimento na rede de Atenção às Urgências.
A desvalorização do profissional
Esta classe tem muitos trabalhadores que estão inseridos nos serviços de saúde realizando diversas atividades indispensáveis, mas que não possuem formação específica na área. Apesar da relevância do serviço prestado pelo condutor de ambulância, este profissional não recebe o devido reconhecimento.
Esta subvalorização se expressa em algumas dimensões, como baixos salários, jornadas extensas, ausência de planos de carreira e pouca oferta de capacitação continuada. Além disso, há uma invisibilidade institucional, já que raramente esses trabalhadores são incluídos nas discussões sobre políticas de valorização e saúde do trabalhador no SUS.
Na última terça-feira (07/10/2025), a Câmara dos Deputados aprovou projeto de lei para regulamentar a profissão. O texto, que seguirá para sanção presidencial, prevê que para exercer a atividade o condutor deverá ter mais de 21 anos, ter ensino médio, comprovar treinamento e reciclagem em cursos específicos, ser habilitado para conduzir veículos de transporte de pacientes e atender a outros requisitos previstos em ato do Executivo.
Os profissionais terão 60 dias, contados da entrada em vigor da futura lei, para atender aos requisitos. O projeto lista ainda 11 atribuições específicas a estes trabalhadores, incluindo "auxiliar a equipe de saúde nos gestos básicos de suporte à vida, nas imobilizações e no transporte das vítimas, na realização de medidas de reanimação cardiorrespiratória básica e no correto manuseio e retirada dos equipamentos médicos fixos no interior do veículo".
Este Observatório dos Técnicos em Saúde (OTS) tem o compromisso ético-político de dar visibilidade a essa expressiva força de trabalho fundamental à organização e operacionalização dos serviços prestados à população em instituições de saúde públicas e privadas. Nesse sentido, o OTS destaca a importância de se promover qualificação profissional para a sua atuação na saúde.
Texto: Nayara Oliveira*. Imagem: Marcello Casal Jr / Agência Brasil.
*Estagiária, sob supervisão de Paulo Schueler.