O trabalho técnico na Atenção Primária à Saúde

Em 4 de outubro se celebra o Dia Nacional do Agente Comunitário de Saúde (ACS), e o Dia Nacional dos Agentes de Combate às Endemias (ACE), data que homenageia e valoriza estes profissionais que trabalham para melhorar a qualidade de vida da população. 

O Agente Comunitário de Saúde 

Como descrito por este Observatório dos Técnicos em Saúde (OTS), os ACS compõem as equipes da Estratégia Saúde da Família (ESF) nas quais são responsáveis por orientar e acompanhar indivíduos e famílias nos territórios de abrangência da unidade básica de saúde. 

Têm como referência para o seu trabalho a determinação social do processo saúde-doença e realizam atividades educativas, visando a prevenção e a promoção da saúde.  

Acompanham e orientam, por meio de visita domiciliar, as pessoas em situação de vulnerabilidade social e portadoras de doenças crônicas e agravos, estimulando o autocuidado e a prevenção da exposição a fatores de riscos, realizando procedimentos específicos nos casos indicados pela equipe ou encaminhando quando necessário para a unidade de saúde de referência.  

Fazem o mapeamento de suas áreas de atuação e cadastram os moradores, levantando dados sociais, demográficos e de saúde, importantes para a produção e revisão dos planos de ações voltados para os territórios.    

Devido ao seu conhecimento sobre o modo de vida e o contato cotidiano com os moradores, espera-se que sejam capazes de promover melhor comunicação entre as equipes e a comunidade, incentivar a mobilização comunitária, contribuindo para as diretrizes da participação comunitária e atenção territorializada. Contribuem também com as áreas de vigilância em saúde e ambiental nos territórios de atuação.   

O Agente de Combate às Endemias 

De acordo com a Classificação Brasileira de Ocupações (CBO), o ACE realiza atividades de vigilância, prevenção e controle de doenças endêmicas e promoção da saúde.  

Participa no mapeamento social e demográfico e no planejamento das ações em saúde, em sua área geográfica de atuação; visita domicílios, ao lado do ACS, para realizar ações de prevenção e controle de doenças e agravos à saúde; vistoria domicílios, terrenos e edificações em geral para eliminar focos de vetores. 

Divulga informações para a comunidade sobre sinais, sintomas, riscos e agentes transmissores de doenças e sobre medidas de prevenção individuais e coletivas; cumpre diretrizes do Sistema Único de Saúde (SUS), procedimentos técnicos, protocolos e normas de biossegurança, e normas regulamentadoras de saúde e segurança no trabalho e de preservação ambiental. 

Coleta e registra dados detalhados das ações realizadas em sistema informatizado do Ministério da Saúde, que serão utilizados para controle e planejamento das ações de saúde; realiza, com os demais membros da equipe multiprofissional em saúde da família, a consolidação e a análise de dados obtidos nas visitas domiciliares. 

A atuação conjunta

Os ACS e os ACE desempenham papéis fundamentais e complementares dentro do SUS, especialmente na Atenção Primária. Enquanto os ACS estão diretamente ligados ao acompanhamento das famílias, realizando visitas domiciliares, orientando sobre prevenção de doenças e promovendo ações de educação em saúde, os ACE atuam no controle e na vigilância de fatores que podem gerar surtos e epidemias, como a proliferação de mosquitos transmissores de doenças (dengue, zika, chikungunya e malária), além de outras endemias. 

O trabalho conjunto desses profissionais fortalece a integração entre vigilância em saúde e atenção básica. O ACS, por estar inserido no território e conhecer de perto a realidade das famílias, é capaz de identificar situações de risco, como acúmulo de lixo, água parada ou ausência de medidas de prevenção. Ao repassar essas informações, contribui para que o ACE direcione suas ações de controle, como inspeções, orientações mais técnicas e até mesmo o uso de medidas químicas quando necessário. 

Essa articulação garante uma atuação mais ampla e eficaz, pois une a escuta, o vínculo comunitário e a promoção da saúde realizados pelos ACS com a prática de monitoramento, controle e prevenção de vetores feita pelos ACE. Assim, os dois profissionais, trabalhando em conjunto, não apenas reduzem riscos de surtos e epidemias, mas também fortalecem a participação comunitária e a construção de um ambiente mais saudável para toda a população. 

 

Texto: Nayara Oliveira*. Imagem: Paulo Pinto / Agência Brasil.

*Estagiária, sob supervisão de Paulo Schueler.