Dados do OTS são apresentados no Congresso da Rede Unida

A pesquisadora do Observatório dos Técnicos em Saúde (OTS) Isabella Koster participou da Távola “Ensino Técnico e Tecnológico: experiências e desafios para garantir a ampliação do acesso da formação na área da saúde”.

O evento fez parte da programação do 16º Congresso Internacional da Rede Unida, ocorrido no início de agosto em Santa Maria (RS), com o tema central “As mil e uma saúdes dos territórios: cuidados, bem viver, liberdade e democracia como atributos éticos da educação e do trabalho no SUS”.

Além de Isabella, participaram da Távola o pró-reitor de Ensino do Instituto Federal do Rio Grande do Sul (IFRS), Fábio Marçal; a coordenadora da Seção Regional Norte da Associação Rede Unida, Maria Pereira; o vice-diretor do Colégio Politécnico de Santa Maria/UFSM, Moacir Bolzan; a pesquisadora do Instituto Capixaba de Ensino, Pesquisa e Inovação em Saúde, Thais Maranhão; e o professor do Colégio Politécnico de Santa Maria/UFSM Guilherme Pinheiro.

A partir da concepção ampliada de técnicas e técnicos em saúde  adotada pela EPSJV/Fiocruz, Isabella destacou as características históricas da formação em saúde e do perfil dessa força de trabalho, pautadas pela divisão técnica e social do trabalho em saúde que as(os) invisibilizam e as(os) expõem a contextos de menor valorização e maior insegurança.

A pesquisadora do OTS também apontou, numericamente, as contradições entre a formação, essencialmente privada e autofinanciada pelas trabalhadoras, em sua maioria mulheres negras, e a inserção no trabalho essencialmente realizadono SUS. Por fim, ela destacou a necessária presença do Estado na regulação do trabalho e da formação das técnicas em saúde. “As instituições públicas devem ter maior protagonismo na oferta de educação continuada e formulação das políticas educacionais para estas(es) trabalhadoras(es) que dão sustentação ao nosso Sistema Único de Saúde”, defendeu Isabella.

A íntegra da apresentação da pesquisadora Isabella Koster, do Observatório dos Técnicos em Saúde, no 16º Congresso Internacional da Rede Unida pode ser acessada aqui.

Após a fala de Isabella, Fábio Marçal relatou sua participação no processo de implantação do campi do IFRS , e defendeu a importância do diálogo com a população daquele território durante o processo de elaboração do desenho pedagógico para o equipamento escolar.

Em seguida, Thais Maranhão relatou sua experiência na rede capixaba de formação de profissionais de saúde, destacando o vazio assistencial e educacional na saúde do Espírito Santo, quando comparado aos índices de São Paulo e Rio de Janeiro. Defendeu ainda o papel das Escolas Técnicas do SUS (ET-SUS) na formação de trabalhadoras(es).

Em sua fala, Moacir Bolzan abordou as especificidades de trabalho na primeira universidade federal fundada no interior do Brasil, a de Santa Maria, e em seu Colégio Politécnico, que também partiram do diálogo com os municípios daquela região gaúcha para a identificação das necessidades formativas em saúde, que contribuíram para a decisão pela criação do Curso Técnico em Enfermagem.

Bolzan destacou as incoerências entre a produção legislativa e a não acolhida, pelo Ministério do Trabalho, das necessárias regulamentações profissionais, exemplificando a existência de apenas 40 órgãos fiscalizadores de profissões. Destacou ainda a necessidade de interlocução entre os ministérios do Trabalho e da Educação para superar as lacunas existentes na formação técnica.

Por fim, Maria Pereira destacou a relação de cuidado na educação e a formação de pessoas para o campo da saúde, reconhecendo o papel estruturante que a rede federal de ensino pode exercer diante do vazio educacional que gera desigualdades regionais, mais notadamente aquelas entre as capitais e grandes centros urbanos diante do interior. Citou o reconhecimento das parteiras como “Patrimônio Cultural” do Brasil, em 2024, e relatou os desafios de saúde do Rio Grande do Sul após a mais recente tragédia climática que se abateu sobre grande parte daquele estado.

 

Jornalista: Paulo Schueler