O Agente de Combate às Endemias no controle e prevenção das zoonoses

Segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), zoonose é a doença infecciosa que se espalha de um animal não humano para os humanos. Os patógenos zoonóticos podem ser bacterianos, virais ou parasitários, e também podem designar agentes não convencionais, e contaminam os humanos por contato direto ou por meio de alimentos, água ou meio ambiente.  

Representam um grande problema de saúde pública em todo o mundo devido à estreita relação dos humanos com os animais, seja na agropecuária, nos “pets” domésticos e no ambiente natural. As zoonoses também podem causar interrupções na produção e no comércio de produtos de origem animal para alimentação e outros usos. 

As zoonoses representam uma grande porcentagem de todas as doenças infecciosas recém-identificadas, bem como de muitas doenças já existentes. Algumas doenças, como o HIV, começam como zoonoses, mas posteriormente sofrem mutação para cepas exclusivamente humanas. Outras podem causar surtos recorrentes, como a doença causada pelo vírus ebola e a salmonelose.  

Em 6 de julho se comemora o Dia Mundial das Zoonoses. A data celebra a primeira vacinação bem-sucedida contra a raiva, realizada por Louis Pasteur em 1885, e destaca a importância da prevenção e controle dessas doenças para a saúde pública.   

A Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz) é referência nacional para Leptospirose através do Laboratório de Zoonoses Bacterianas (LABZOO) do Instituto Oswaldo Cruz (IOC/Fiocruz), que atua desde 1992 em pesquisa, ensino, serviço e formação de recursos humanos em biologia, patogênese, epidemiologia, ecologia e diversos outros aspectos da Leptospirose e de outras zoonoses. Em 2008, tornou-se o quarto Centro Colaborador da Organização Mundial da Saúde em Leptospirose no mundo, atuando especialmente na América Latina e Caribe. 

Os Agentes de Combate às Endemias 

O Sistema Único de Saúde (SUS) atua no monitoramento, diagnóstico, prevenção e tratamento de zoonoses, além de promover ações de educação em saúde e controle de vetores.  Os profissionais técnicos em saúde têm participação decisiva no controle desta doença, neste caso, em especial, os Agentes de Combate às Endemias (ACEs). 

Além destes, há o Técnico em Vigilância Sanitária, que atua na fiscalização de estabelecimentos e ambientes que possam ser fontes de doenças; o Técnico em Saúde Ambiental, que trabalha com saneamento básico, controle de resíduos e análise de riscos ambientais que possam favorecer surtos; e o Técnico em Enfermagem, que auxilia em campanhas de vacinação antirrábica, atendimentos de pessoas expostas a animais potencialmente transmissores, e em ações educativas. 

Como definido pela Escola Politécnica de Saúde Joaquim Venâncio (EPSJV/Fiocruz), os Agentes de Combate às Endemias trabalham na vistoria de residências, depósitos, terrenos baldios e estabelecimentos comerciais para buscar focos endêmicos; inspecionam caixas d’água, calhas e telhados; aplicam larvicidas e inseticidas; orientam quanto à prevenção e tratamento de doenças infecciosas, e fazem o recenseamento de animais. 

Apesar de exercerem tarefas essenciais para a saúde pública, estes trabalhadores se encontram em uma situação de precarização em relação ao trabalho, além da constante luta pela profissionalização e garantia de direitos trabalhistas. 

 

Texto: Nayara Oliveira*. Imagem: Paulo Pinto / Agência Brasil.

*Estagiária, sob supervisão de Paulo Schueler.