O trabalho técnico no combate ao HIV e demais Infecções Sexualmente Transmissíveis

Em 1º de dezembro se celebra o Dia Mundial de Luta contra o HIV/Aids, data instituída em 1988 pela Organização das Nações Unidas (ONU) e pela Organização Mundial da Saúde (OMS) para conscientizar sobre a doença e garantir que as pessoas que vivem com ela tenham apoio e tratamento adequados. 

O mês que se inicia também é marcado pela Campanha Nacional de Prevenção ao HIV/Aids e outras Infecções Sexualmente Transmissíveis (IST), conhecido como Dezembro Vermelho. 

Os profissionais técnicos em saúde têm papel central no enfrentamento ao HIV/Aids e demais ISTs no Sistema Único de Saúde (SUS), atuando diretamente na prevenção, diagnóstico, tratamento e acompanhamento. Por estarem na linha de frente, são essenciais tanto na rotina dos serviços quanto nas ações de mobilização do Dezembro Vermelho. 

Estes profissionais exercem funções fundamentais desde a prevenção, como os Agentes Comunitários de Saúde através de ações de informação e esclarecimento da população; e também na identificação precoce de infecção. Técnicos de laboratório realizam testes rápidos e exames sorológicos; fazem coleta, processamento e análise de amostra; garantem a correta manipulação de materiais biológicos e a qualidade dos resultados. 

Técnicos de enfermagem podem aplicar testes rápidos; realizam a triagem, acolhimento, orientação pré e pós-teste; identificam sinais clínicos que demandam encaminhamento imediato. 

Após o diagnóstico contribuem para o cuidado integral. Técnicos em farmácia realizam a dispensação dos antirretrovirais; orientam sobre horários, interações e conservação dos medicamentos; acompanham a regularidade de retirada dos medicamentos. 

HIV e Aids

Como informa o Ministério da Saúde, o HIV (Vírus da Imunodeficiência Humana), é um vírus que ataca o sistema imunológico, responsável por proteger o corpo contra doenças. Quando não é tratado, ele pode evoluir para a Aids (Síndrome da Imunodeficiência Adquirida), que representa o estágio mais avançado da infecção pelo HIV. 

Neste estágio, o sistema imunológico fica extremamente enfraquecido, deixando o organismo mais suscetível a infecções oportunistas e determinados tipos de câncer.  O vírus é capaz de alterar o DNA dessa célula e fazer cópias de si mesmo. Depois de se multiplicar, rompe os linfócitos em busca de outros para continuar a infecção. 

HIV e Aids não são a mesma coisa. HIV refere-se ao vírus (retrovírus da subfamília dos Lentiviridae) propriamente dito, que ataca o sistema imunológico. Uma pessoa pode estar infectada pelo HIV, mas não necessariamente apresentar sintomas ou desenvolver aids. 

A Aids é a condição de saúde causada pela infecção do HIV em estágio avançado, quando o sistema imunológico está gravemente comprometido. Não é o vírus em si, mas sim um conjunto de sinais e sintomas que caracterizam a falência das defesas imunológicas. 

As principais formas de transmissão do HIV são através do sexo sem proteção; compartilhamento de seringas e agulhas contaminadas; transmissão vertical (da mãe para o bebê), e transfusão de sangue contaminado ou transplante de órgãos. 

Quando ocorre a infecção pelo vírus causador da aids, o sistema imunológico começa a ser atacado, e os primeiros sintomas surgem entre 3 e 6 semanas. A infecção aguda (primeira fase), pode parecer uma gripe comum, com febre alta; dores no corpo e mal-estar. 

Na segunda fase, depois dos sintomas iniciais, o vírus entra em uma fase chamada de assintomática. O sistema imunológico ainda controla o vírus, e a pessoa pode não apresentar sinais visíveis por vários anos. 

Na terceira fase, inicia a infecção crônica. Com o enfraquecimento do sistema imunológico, surgem sintomas mais específicos, como febre persistente; suores noturnos; diarreia prolongada, e perda de peso sem causa aparente.  

Se não tratado, o HIV evolui para a aids. O sistema imunológico fica extremamente enfraquecido, permitindo o surgimento de doenças oportunistas, como tuberculose; pneumonia; e tipos de câncer.  

O diagnóstico do HIV é simples, rápido e acessível pelo Sistema Único de Saúde (SUS). Recomenda-se fazer o teste quando tiver uma relação sexual sem preservativo; compartilhar seringas ou agulhas; passar por situações de risco, como acidentes com materiais contaminados; apresentar sintomas de infecção aguda após exposição de risco. 

Existem testes rápidos, que podem ser realizados a partir de uma amostra de sangue da ponta do dedo, ou pela coleta de fluido oral. O resultado de ambos leva cerca de 30 minutos, e são gratuitamente oferecidos pelo sistema. 

Além dos testes rápidos, o SUS oferece exames laboratoriais mais específicos para confirmar o diagnóstico e monitorar a infecção. Carga viral, mede a quantidade de vírus no sangue; contagem de linfócitos T-CD4, avalia a saúde do sistema imunológico; genotipagem do HIV, identifica mutações do vírus para personalizar o tratamento. 

Esses exames são realizados pela Rede Nacional de Laboratórios do SUS, que garante a qualidade e a agilidade nos resultados em todo o Brasil. Em qualquer unidade, o teste pode ser feito de forma anônima. Antes e depois do exame, profissionais realizam um aconselhamento, ajudando a entender o resultado e os próximos passos. 

Prevenção e tratamento no SUS

A prevenção do HIV evoluiu muito nos últimos anos. Hoje, além do uso de preservativos, há uma abordagem mais completa: a Prevenção Combinada. Ela envolve a combinação de várias estratégias, adaptadas às necessidades de cada pessoa ou situação, para maximizar a proteção contra o HIV. 

Cada pessoa tem uma realidade diferente. A prevenção combinada permite que estratégias sejam personalizadas. Ao unir métodos como preservativos, PrEP, PEP e testagem regular, podemos criar uma barreira mais robusta contra a propagação do vírus. 

Preservativos (camisinha), protegem contra o HIV e outras Infecções sexualmente transmissíveis (ISTs). Estão disponíveis gratuitamente no SUS; PEP (Profilaxia Pós-Exposição), medicamento usado até 72 horas após uma situação de risco. O tratamento dura 28 dias e é eficaz se seguido corretamente; PrEP (Profilaxia Pré-Exposição), medicamento tomado por pessoas com maior risco de exposição para prevenir a infecção antes de acontecer. 

No tratamento são utilizados medicamentos antirretrovirais (ARV) que surgiram na década de 1980 para impedir a multiplicação do HIV no organismo.  Esses medicamentos ajudam a evitar o enfraquecimento do sistema imunológico.  Por isso, o uso regular dos ARV é fundamental para aumentar o tempo e a qualidade de vida das pessoas que vivem com HIV e reduzir o número de internações e infecções por doenças oportunistas. 

 

Texto: Nayara Oliveira*. Imagem: Fabio Rodrigues-Pozzebom/ Agência Brasil

*Estagiária, sob supervisão de Paulo Schueler.