Os técnicos em Saúde e o SUS na saúde cerebral

Em 22 de julho se celebra o Dia Mundial do Cérebro, data estabelecida pela Federação Mundial de Neurologia (WFN, na sigla em inglês) com o objetivo de conscientizar sobre a saúde cerebral e os distúrbios neurológicos.   

O pleno funcionamento do SUS e de seus aparelhos é fruto do trabalho de muitos profissionais, com destaque para os técnicos. Em cuidados relacionados ao cérebro, o especialista é o técnico em Métodos Eletrográficos em Encefalografia. 

Este profissional organiza o local e verifica as condições técnicas para realização dos exames de eletroencefalografia (EEG) e de monitoramento intraoperatório (OIM), isolando a área, averiguando a disponibilidade de material, calibrando equipamentos e eliminando interferência de outros aparelhos. 

Prepara o paciente para o exame, seguindo pedido médico e coletando as informações do prontuário para personalizar os testes; explica os procedimentos ao paciente, respondendo a perguntas e orientando sobre os cuidados após o exame; mede as partes do corpo dos pacientes e marca locais onde os eletrodos devem ser colocados; conecta os eletrodos com pastas e adesivos e ajusta o equipamento e acessórios. 

Identifica artefatos ou interferências derivadas de fontes externas ao cérebro, como mau contato do eletrodo ou movimento do paciente, nos registros eletroneurodiagnósticos; realiza o exame, monitorando o paciente e acompanhando registro do traçado gráfico em papel ou em vídeo; monitora os pacientes durante testes ou cirurgias; submete os resultados do exame à apreciação médica, e pode realizar testes para determinar a morte cerebral, a ausência de atividade cerebral ou a probabilidade de recuperação de um coma. 

IEC, Unidade de Referência 

O Instituto Estadual do Cérebro Paulo Niemeyer (IEC), do Rio de Janeiro, é a única unidade pública especializada em neurocirurgia do Brasil, e atende à população de forma gratuita através do Sistema Único de Saúde (SUS). Localizado na capital fluminense e criado em 2013, tornou-se referência em neurocirurgia no país, com desenvolvimento de pesquisas, equipamentos de alta tecnologia e procedimentos de alta complexidade. 

No ano passado o hospital iniciou uma pesquisa pioneira em combate ao câncer. É realizada a retirada de uma pequena parte do câncer (glioblastoma), um tipo bastante agressivo e responsável por boa parte das mortes por esse tipo de doença. Um processo de cultura, em estufa sob agitação, leva à clonagem do tumor vivo – exatamente igual ao que estava no paciente. A técnica facilita a análise de cada parte da célula cancerígena, permitindo que se avalie a melhor maneira de combater a doença.   

Atualmente, o IEC realiza pesquisas em diversas frentes, como a que testa o uso do vírus da Zika no combate a células de tumor. Também está em estudo a constatação da presença de microRNA em pacientes com epilepsia medicamentosa resistente. 

Segundo a Secretaria de Saúde, após a ampliação do local o número de consultas ambulatoriais bateu recorde nos primeiros cinco meses de 2024, com mais de 10 mil pacientes atendidos. O número é cerca de 80% maior em relação ao mesmo período do ano de 2023, quando foram realizadas 5.532 consultas. 

 

Texto: Nayara Oliveira*. Imagem: Marcelo Camargo / Agência Brasil.

*Estagiária, sob supervisão de Paulo Schueler.