
A pesquisadora do Observatório dos Técnicos em Saúde Mônica Vieira participou do encontro "Formação técnica em enfermagem/saúde e ETSUS: contextos, contradições e perspectivas".
O Encontro ocorreu nos dias 17 e 18 de junho, e foi organizado por docentes e discentes da disciplina de Estágio Curricular em Educação Profissional em Enfermagem, do curso de Bacharelado e Licenciatura em Enfermagem da Escola de Enfermagem de Ribeirão Preto da Universidade de São Paulo (EERP/USP); em parceria com o Centro de Formação de Recursos Humanos para o Sistema Único de Saúde (CEFORSUS-SP de Araraquara), escola técnica do SUS mantida pela Secretaria de Estado de Saúde de São Paulo.
Mônica apresentou "A formação dos trabalhadores técnicos em saúde/enfermagem no e para o SUS: confrontos e desafios no cenário neoliberal" durante a mesa “Educação profissional técnica de nível médio em Enfermagem: Contextos e Contradições”, que ocorreu no primeiro dia do Encontro.
Também participaram da mesa a professora da EERP/USP e integrante da Associação Brasileira de Enfermagem – Seção São Paulo (ABEn-SP) Adriana Katia Corrêa, que abordou “Panorama da oferta de cursos de formação técnica de nível médio em Enfermagem: interesses em disputa”; e a diretora da CEFORSUS-SP de Araraquara, Isabel Cristina Gorla, que falou sobre o “Panorama histórico das Escolas Técnicas do Sistema Único de Saúde: ênfase no estado de São Paulo”.
Durante sua participação, Mônica apresentou números do Boletim OTS Dados 1, que em suas palavras “comprovam a flagrante desigualdade entre a formação privada para uma atuação pública”, além da nota conceitual Concepção Ampliada sobre as(os) Técnicas(os) em Saúde. De acordo com a pesquisadora, das três palestrantes da mesa ela iniciou o debate por conta desse panorama “geral , um pouco mais teórico”.
“Eu recupero sempre o conceito de qualificação, porque ele nos ajuda a entender que para você pensar a formação de técnicos no SUS e para o SUS a gente tem que entender junto a inserção desse profissional no Sistema e os processos de regulação da profissão. Precisamos olhar essas dimensões. Para este Encontro, pensar o SUS e a força de trabalho em saúde é considerar não só a Enfermagem, mas especialmente os técnicos em enfermagem. Isso me parece tão gritante... Não existe saúde pública sem essas trabalhadoras, que já sabemos serem majoritariamente mulheres”, ressaltou Mônica em conversa com o site OTS.
Segundo Mônica, é este conceito de qualificação, “como uma dimensão socialmente construída, que vai tecendo a dinâmica dos projetos de profissionalização. No caso da Enfermagem, hoje há trabalhadores técnicos que atuam como técnicos e que também dão aulas nos próprios cursos técnicos privados noturnos em que se formaram”. De acordo com ela, para além da necessidade de complementação de renda destes casos, há que se avaliar “essa dinâmica rica e complexa de profissionalização desses trabalhadores”, comenta.
Dinâmica, aliás, que não é recente. Do Encontro, Mônica destaca os relatos sobre as ETSUS de São Paulo. “Debateu-se no evento a realidade deste estado, que possui muitas escolas técnicas do SUS. E recuperou-se também a história dessas instituições, que surgem como centros de formação de recursos humanos ligados às secretarias estaduais de saúde. Como elas vão se tornando escolas? A maior parte delas vai se constituindo com trabalhadoras do serviço que passam a dar aula e acompanhar os estágios sem capacitação específica, uma Licenciatura. É um modelo de escola sem professor, sem sala de aula, porque você vai descentralizando os próprios serviços. Essa é a nossa história”, atesta a pesquisadora.
Segundo Mônica, “a gente precisa reconhecer este esforço, mas também pensar que hoje estamos em outro momento, em que precisamos fortalecer essas escolas como escolas, precisa aumentar o número de escolas, e pensar a integração do Ensino Médio com a ação técnica, como é o caso da EPSJV/Fiocruz”, concluiu.
Assista neste vídeo à íntegra da fala de Monica.
Acesse a apresentação da pesquisadora do OTS no Encontro.
Jornalista: Paulo Schueler