
A pesquisadora do Observatório dos Técnicos em Saúde (OTS) Isabella Koster participou de reunião técnica na sede do Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (Inep), em Brasília, entre os dias 9 e 11 de abril, sobre a Educação Profissional e Tecnológica na área de Enfermagem.
Sabe-se que a força de trabalho de profissionais de nível médio da enfermagem é a maior do país. Registrados no Conselho Federal de Enfermagem, segundo o painel Enfermagem em Números, existem 1.936.118 técnicas(os) em enfermagem e ainda 473.531 auxiliares de enfermagem, totalizando 2.719.088 trabalhadoras(es). Nem todas(os) estão atuando nos estabelecimentos de saúde, visto que pelo painel Força de Trabalho na Saúde do CENTIS, temos 838.573 técnicas e 179. 291 auxiliares de enfermagem. Mesmo assim, representam mais de 30% da força de trabalho total.
Quanto à formação técnica em geral, cerca de 62% de todas as matrículas nos cursos do Eixo Ambiente e Saúde ocorrem nos Cursos Técnicos em Enfermagem, e 17% de todas as matrículas em ensino técnico no Brasil.
Como descreveu o Boletim OTS Dados 1, "80% das matrículas em cursos do Eixo Ambiente e Saúde estão associadas à rede privada, enquanto 86% dos vínculos de trabalho das(os) técnicas(os) formadas(os) em cursos deste Eixo encontram-se em estabelecimentos de saúde que atendem ao Sistema Único de Saúde (SUS)".
O encontro pautou o desenvolvimento de estratégias para a Política de Avaliação da Educação Profissional e Tecnológica (EPT) com foco nestes cursos técnicos de Enfermagem ofertados no Brasil.
De acordo com Isabella, "esta realidade sugere que a formação muitas vezes possa não estar voltada aos princípios do SUS. Portanto, é necessário evoluir com as ferramentas de avaliação destes cursos". Trata-se também de uma reparação histórica e de justiça social com a profissão. Primeiro pela dívida em relação a ausência de políticas permanentes para garantir uma formação pública e de qualidade, visto que a realidade é que são majoritariamente mulheres negras que custeiam a sua própria formação e se dedicam ao trabalho de cuidado intenso e permanente em todas as unidades de saúde do país. Segundo, não podemos deixar de relembrar toda a dedicação da enfermagem no período da pandemia da Covid-19 e sobretudo por terem sido a classe trabalhadora mais afetada pelo adoecimento e morte, relembra a pesquisadora.
Jornalista: Paulo Schueler. Imagem: Divulgação.