Pesquisadoras do OTS participam de reunião com Rob Wallace

No início de dezembro, o epidemiologista evolutivo norte-americano Rob Wallace, integrante da rede de pesquisadores Agroecology and Rural Economics Research Corps (Economia Rural e Agroecologia em tradução livre ao português) esteve no Rio de Janeiro para uma série de atividades na Escola Politécnica em Saúde Joaquim Venâncio (EPSJV/Fiocruz), cujo ponto alto foi o primeiro webinário internacional do Ciclo “Crise Estrutural do Capital e Emergência Climática na perspectiva da Determinação Socioambiental da Saúde”. A íntegra do evento pode ser assistida aqui.

Durante sua agenda no Brasil, Wallace, que é autor dentre outros do livro “Big Farms make big flu”, traduzido para português como “Pandemia e agronegócio”, participou de reunião que contou com a participação de diferentes setores da Escola (Programa de Pós-Graduação, Direção, Coordenação de Cooperação Internacional e Observatório dos Técnicos em Saúde) que discutiu a importância da inserção da temática trazida pelo estudioso para o Projeto Político-Pedagógico da EPSJV. Na ocasião, estiveram presentes a coordenadora do OTS, Márcia Valéria Morosini, além de Ialê Falleiros Braga e Gianne Reis.

O encontro serviu para aproximar o diálogo sobre os pontos em comum entre linhas de pesquisa/atuação tão diversas como epidemiologia, geografia, genética viral/bacteriana, organização dos sistemas de saúde e educação continuada para profissionais de saúde diante do avanço da crise climática.

Wallace, ex-consultor tanto da Organização das Nações Unidas para Alimentação e Agricultura (FAO) quanto do Centro de Controle e Prevenção de Doenças (CDC) do governo dos Estados Unidos, abordou na ocasião a necessidade de "mover a agricultura de volta para a sua matriz ecológica", o que em suas palavras poderia proteger a humanidade - e portanto os sistemas de saúde - tanto da crise climática quanto do surgimento de novos patógenos. “Precisamos reintroduzir as agrobiodiversidades na fazenda e em paisagens alimentares regionais para produzir ‘portas’ imunológicas que impeçam que patógenos mais virulentos aumentem e se espalhem”, avaliou o pesquisador.

Além de novos patógenos, Wallace afirmou que os sistema de saúde também podem ser instados a enfrentar antigos "conhecidos", como a varíola; além de ser necessário fazer uso racional e controlado de antimicrobianos, notadamente os antibióticos, em animais pela agroindústria, devido ao crescente risco da resistência antimicrobiana.  

 

Jornalista: Paulo Schueler